Esta é a história de quatro jovens garotos, moradores na zona norte de São Paulo, que, no início da década de 80, decidiram formar um grupo musical, com o objetivo de se tornar uma referência musical, e ao mesmo tempo, contrapor-se ao regime de opressão existente na época.
A criação do Muro Pixado inspirou-se nos primeiros movimentos de pichação que começavam a aflorar nos bairros periféricos de SP, objetivando denunciar e enfrentar a prática, o discurso belicoso e a censura imposta pelos órgãos de repressão no país.
Estes rapazes entendiam que através da música, poderiam conscientizar a população, mudando radicalmente a correlação de força, contribuindo através da arte e da cultura para um mundo melhor, onde prevalecesse a paz, a união, e o amor na mente e nos corações de todos.
Foram ao limite máximo de suas forças para serem ouvidos pelo maior número de pessoas.
Escreveram em notas musicais todo o sentimento de revolta, contido em suas gargantas.
Desafiaram o sistema, correram o risco de se tornar um número de estatística entre os desaparecidos ou exilados do regime opressivo, mas não abriram mão daquilo que acreditavam.
O preço pago por tanto ousadia, foi o desprezo que sofreram de grande parte da mídia, que insistia em investir em grupos sem conteúdo, que não representassem nenhum risco ao sistema.
O Muro, e alguns outros grupos existentes na época, cumpriram um papel importante de resistência e perseverança, diante de uma indústria fonográfica submissa e comprometida com a manutenção do status quo.
Esses jovens nunca experimentaram o sabor do sucesso, pois optaram em preservar os seus valores, entrincheirados entre as colunas de um resistente muro pixado.